Relacionamento

Feminismo e o nosso relacionamento: como tudo mudou nos últimos anos

No próximo domingo (31/07), o Vi e eu completamos seis anos juntos e muita coisa aconteceu nesse meio-tempo: passamos por diversas situações diferentes, bons momentos, maus momentos e mudamos muito. Posição política, hobbies, filmes, bandas, séries, referências visuais, trabalho, etc. Muita coisa mudou, inclusive a forma como nós nos relacionamento um com o outro. E o feminismo contribuiu muito para isso.

Positivamente, claro. Hahahaha.

Há seis anos, eu não conhecia o feminismo direito. A única referência que eu tinha era Sara Winter e o FEMEN; e, sinceramente, era uma péssima referência! Então, já dá pra imaginar que a visão que eu tinha sobre o feminismo era bem errada – e, infelizmente, é a visão que muita gente tem hoje em dia ao redor do mundo.

Não vou usar esse post para explicar o feminismo (se você quiser saber mais sobre o assunto, o projeto Naked Lady explica tudo muito bem), mas sim para falar como ele contribuiu para que o nosso relacionamento se tornasse mais saudável.

Em 2014, descobri o Think Olga e seu maravilhoso grupo no Facebook (o Talk Olga) e então comecei a entender melhor o feminismo e mudei alguns de meus pensamentos a respeito do papel da mulher no mundo. No começo o Vi estranhou bastante, mas eu acho isso bem normal. Até porque, quando você entra em um universo, você recebe muuuita informação sobre aquilo e, num primeiro momento, começa a problematizar tudo.

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Mas, após alguns anos, nós dois concordamos que tudo isso contribuiu para que o nosso relacionamento se tornasse mais saudável.

Acredito que a palavra-chave dessa mudança foi autoconfiança.

No começo do namoro, eu era extremamente insegura. O Vi é cinco anos mais velho que eu, então ele estava à minha frente em muitos pontos: na carreira, na experiência com relacionamentos e até seu círculo social era diferente. Meu maior medo era que ele encontrasse uma mulher mais bonita, mais inteligente e mais divertida que eu e me largasse. Sério, eu tinha pavor disso. Ficava mal só de imaginar algo assim. Não gostava quando ele contratava mulheres para trabalhar em sua equipe, tinha ciúmes até mesmo de seus relacionamentos anteriores. Isso não fazia nada bem pra nós dois, pois dava abertura para várias discussões sem sentido, que não nos levavam a nada, a não ser mais discussões e mais insegurança.

Outra coisa muito chata era o fato de eu ser muito conservadora comigo mesma. Como se outras pessoas estivessem vendo o que eu decidia fazer com meu corpo. Sim, estamos falando de sexo. Qualquer coisinha nova que fugisse do comum, era motivo para eu travar por achar que estava fazendo algo errado. Faz sentido isso? Felizmente, me libertei desse medo um pouco antes de ter contato com o feminismo, o que veio depois só fez com que eu me libertasse mais ainda. Vamos tentar um canguru perneta invertido duplo carpado? Vamos. Não tem coisa melhor do que se dar conta de que você pode fazer o que quiser, o que vale é se sentir bem e se divertir.

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“Mas você é forçada a se sentir bem nojenta e estranha se você é uma garota que gosta de transar.” – Amy Schumer

Apesar do Vi ter muitos pensamentos machistas na época (e eu também, o que é bem comum, infelizmente), ele nunca fez com que eu me sentisse mal com meu corpo ou até mesmo com meu jeito de ser. Ele sempre foi uma pessoa incrível e sempre me apoiou em tudo. Então, essas neuras que nos atrapalhavam foram construídas a partir de muitas coisas que eu ouvia por aí a respeito de relacionamentos. Durante a maior parte da minha vida, aprendi que uma mulher precisa estar sempre linda e perfeita para seu companheiro ou então ele te troca por outra, que ela tem que tomar cuidado com outras mulheres, que homens são “caçadores” por instinto mesmo e que você deve sempre desconfiar deles, que você precisa de um homem para ser feliz e mais outros absurdos que não fazem sentido e são muito cruéis, principalmente para uma pessoa ansiosa e com uma imaginação fértil, como eu.

E o feminismo me mostrou que eu aprendi tudo errado, que tá tudo bem em não ser magra, que eu não preciso tomar cuidado com outras mulheres e que as pessoas precisam ser livres para fazer o que quiserem. E, se em algum momento, o Vi decidir fazer algo que ele sabe que me magoaria, tudo bem se o nosso relacionamento acabar. Não é o fim do mundo e é impossível que, em meio a bilhões de pessoas, só exista uma que me faça feliz.

E não, falar que tudo bem se nosso relacionamento acabar não é algo triste, não é algo que faz com que a gente perca a esperança no amor, nem nada. Pelo contrário: é libertador e faz com que a gente aproveite melhor o tempo juntos e respeite a vida individual de cada um. Inclusive, já escrevi um texto ilustrando isso e você pode ler aqui.

Aprendi que todo mundo precisa primeiro ser feliz sozinho pra então ser feliz com alguém. Um relacionamento não tem que ser feito de duas pessoas incompletas que se “encaixam”, um relacionamento saudável é composto por indivíduos que já são bem resolvidos e que se gostam tanto, que decidiram se somar.

Comentários

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2 Comentários

  • Reply Johnnie Spirek 29 de agosto de 2016 at 03:03

    Divida as responsabilidades igualmente no relacionamento. E muito comum em relacionamentos e casamentos heterossexuais que se desempenhe papeis tradicionais atribuidos aos generos. Se cozinhar mais do que seu parceiro, talvez ele deva limpar a cozinha apos o jantar. Se ele lava a roupa nos finais de semana, voce pode contribuir de outras formas, como por exemplo, aspirando a casa.

  • Reply Como o ciúme afeta seu feminismo - Elas Dizem 18 de julho de 2020 at 16:01

    […] com seu parceiro ou parceira e fortalecendo a relação de vocês. Um exemplo positivo pode ser conferido aqui no texto da Andressa, do blog “Um café para […]

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