Inspiração

Felicidade

Eu tenho muito medo da morte.

Desde criança, sinto um incômodo muito grande quando penso no assunto e já cheguei a ter crises de ansiedade pensando no assunto, inclusive.

“Nossa, Andressa, por que você tá falando de morte se o assunto é felicidade?”

É simples: A única coisa que me acalma em uma crise de ansiedade por conta disso é pensar o tanto de tempo que eu tenho (ou acredito que tenho) pela frente. Isso me faz pensar que eu não tenho medo da morte em si, mas sim, tenho medo de morrer sem ter vivido o suficiente. Sem ter sido feliz o suficiente.

Há alguns dias, me perguntaram como é a sensação de felicidade plena e, sem precisar pensar muito, minha mente me levou ao dia mais feliz da minha vida: 26 de janeiro de 2015. O Victor e eu estávamos viajando, 2014 havia sido um ano difícil e emocionalmente pesado, eu estava descansando, saindo do país pela primeira vez na minha vida, conhecendo pessoas diferentes, vivendo coisas novas, me divertindo e sem me preocupar com nada.

Era uma viagem que eu não poderia imaginar que aconteceria. Não tão cedo, não naquele momento.

Ao fim do dia, me lembro de me apoiar na proa do navio, o mundo era só água, o céu escuro estava preenchido por estrelas.

Foi então que eu senti o que é a felicidade plena: eu poderia morrer naquele momento e não me faltaria nada.

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Parece exagero {e talvez seja, é óbvio que eu não gostaria de morrer, hahaha}, mas aquela foi uma das coisas mais gostosas que já senti na minha vida. A partir de então, eu passei a prestar mais atenção nos meus sentimentos. E, até hoje, não senti nada parecido novamente. E provavelmente não vou sentir tão breve, acredito que momentos assim são raríssimos, e não existe nada de errado nisso; pelo contrário, acredito que essa seja a pitada que faça com que estes sejam momentos especiais.

Claro que me encontrei felicidade outras vezes. Aqueles momentos que não dependem de viagem cara, pratos exóticos ou vinhos escolhidos por um sommelier para acontecer; que nos pegam de surpresa quando estamos despretensiosamente tomando um banho de mar depois de anos sem sequer chegar perto da praia ou durante uma caminhada pela Av. Paulista numa manhã de domingo. Os olhos se enchem de lágrimas, uma coisa boa invade o nosso peito e a gente só quer que aquilo dure pra sempre, aproveitando cada grãozinho de tempo daquilo tudo.

E sabe qual é a melhor parte disso tudo? É que esses momentos não duram pra sempre.

O que torna a felicidade algo tão especial é o fato de ela ser tão rara e estar escondida onde menos esperamos.

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